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Risco Apurado galeria Copasa 2016

O que se apura numa obra de arte é o risco ou é um risco? As duplicidades efetivamente
se multiplicam quando não só o artista mas também a obra se interrogam para o criador,
criatura e expectador. E se essa arte é geométrica, carregadas de linhas frontais e
submersas, com fissuras, inclusive no seu próprio suporte, pode demandar um risco que
não deve ser necessariamente apurado, mas visto como uma outra dimensão da arte,
portanto, humana. A presente exposição de Agnaldo Pinho é a confirmação desse
equilíbrio entre o risco e o apurado, entre o artesão-artista e o acaso. Assim, pode se
afirmar que as madeiras é que acham o artista, e uma vez em suas mãos o que vemos
são belas composições, onde o uso preciso das cores nos detalhes certos de cada
madeira pintada faz com que a geometria irregular dos próprios suportes se
equilibre,tornando-os aparentemente simétricos. Como se pode ver na serie onde a cor
preta predomina. Cor que por sua natureza densa tem a força de desaparecer as marcas
do tempo, o que seria uma maneira de o artista nos impedir de ver o que era antes. Em
Agnaldo, isso não acontece, pois o que interessa é justamente deixar as marcas de toda
natureza (humana ou não) em seus tapumes. As fraturas do tempo no espaço desses
materiais, inclusive em suas bordas, reafirmam as interferências sofridas por ações as
quais não sabemos, embora possamos supor. A única certeza é a mão do artista que ao
pintá-los nos revela outras formas, incluindo agora beleza naquilo que já era descartado.
Ainda é possível reforçar que em diversas peças, a geometria interna, as divisões de
campos de cor, brota do formato da madeira. Seus ângulos “naturais” servem de
orientação par as retas internas.
É necessário ver nessas construções geométricas pictóricas muito mais que organização
espacial entre forma e forma ou a forma pela forma, como se ali o sentido se restringisse
apenas à composição. Na verdade, forma e sentido se amalgamam para não só nos
oferecer a dignidade que a arte pode ofertar, mas mais que isso: reeducar o nosso olhar
para um tipo de beleza que não nos cobra nada, senão a contemplação. Ficar diante dos
trabalhos de Agnaldo, portanto, é permitir que sua arquitetura nos devolva o quanto os
riscos são necessários para a vida, e a nós cabe apurá-la conforme a vontade de cada
um. A bela série Totens, com seus encaixes, confirma a necessidade do artista em
reorganizar com cortes mais precisos linhas verticais, horizontais e diagonais, que
poderíamos chamar de uma poética do risco, onde a “paisagem urbana” se revela nesses

relevos com suas cores acenando para o expectador a particularidade de cada
composição.
Ao artista-artesão (vejam os seus belos bonecos e os graciosos e incríveis autômatos,
que são exemplos da criatividade educadora e muito sensível de Pinho.) a construção do
fazer artístico se dá nessa tentativa sempre de organizar o caos. Por isso, a geometria é
um caminho para o sensível, ou como já se conceituou de “geometria sensível”. Talvez
a geometria, leia-se matemática, seja um conhecimento frio, calculado ao extremo – e
não poderia ser de outra maneira, não coubesse o mundo sensível. Mas, ao contrário
disso, o mundo da exatidão é que efetivamente contribui para a firmeza de nossas vidas.
De fato, olhar a pintura geométrica e os totens expostos aqui é um convite a esse
pensamento geométrico sensível. Se assim for, então podemos efetivamente nos
permitir doarmos nosso tempo para diante de cada um desses trabalhos contemplarmos
o que se apura ou não de cada risco.

Mário Alex Rosa

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